Sunday 11 October 2009

É chinês outra vez

Mais uma vez tive uma revelação, graças a uma muito simpática menina vinda de lá, sobre a já-não-tão misteriosa mas ainda muitíssimo complicada língua chinesa. Estranho como possa ser, há quem diga que a língua é menos complicada que o japonês e uma das razões para isso é que, embora haja uns seis mil e picos kanji que, aqui sim, são usados como letras, todas eles têm sempre a mesma prenuncia, embora esta tenha as complicações já descritas. Isto que dizer que kanji sabido é kanji sabido, ao contrario do japonês em que podemos ter um kanji que oitenta por cento das vezes se lê assim, quinze por cento se lê assado, e os restantes cinco por cento se lê de maneira inadivinhável.
Outra coisa que já se sabia, pelo menos para os que se interessam por este lado do mundo, é que não há katakana ou hiragana, ou seja, toda a coisa se escreve com kanjis. Juntando esta informação e com um bocadinho de pro-actividade é fácil perguntar como raio é que há, por exemplo, flexões de verbos ou mesmo passados ou negativas na construção frásica chinesa. E aqui entra a parte mesmo boa: além de não haver nada dessas complicações - se só há kanji e a sua leitura não muda, como é que se teria flexões de verbos? - é das línguas mais simples, os mais ácidos diriam básica, de sempre a nível de estrutura gramatical. A título de exemplo uma negativa constrói-se pondo um solitário "não" na frase e uma frase para ficar no passado apenas se tem de acompanhar pelo kanji de "terminado". O mesmo padrão é seguido para todas as construções, sendo apenas adicionado algum(s) elementos que fazem a frase mudar o seu significado total, por vezes, com um engenho de louvar.
Não admira que se diga por aqui e por ali que os japoneses pegaram na língua mais difícil do mundo, pela quantidade enorme de letras, e complicaram-na!

PS: e com isto tudo nem sei se é de admirar ou não que crianças chinesas com doze anos consigam ler um jornal!

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