Hoje, por meio de contactos nipónicos, fui, como convidado, a um festival festa celebração evento dia-aberto numa escola segundaria japonesa. E - OMG! - as semelhanças com o mundo que se vê em animação são tantas, mas tantas, que é como ter uma quantidade bastante grande de deja vu's em cada esquina. O ambiente festivo, as paredes decoradas com papeis e cartazes com desenhos a caracteres que ainda me são imperceptíveis , as salas temáticas cujo quadro celebrava a festa com giz colorido, a associação de pais a vender doces e a apoiar onde fouce precisos, os alunos atarefados de um lado para o outro ou simplesmente a passearem por um espaço tão familiar e, ao mesmo tempo, tão transformado, os professores em harmonia com a aura que se me mostrava, os uniformes brancos e azuis, todos iguais com um lenço disposto de forma peculiar, saias de pregas e casacos de botões. Os clubes surgem aqui com uma força hercúlea. O clube de ciências fazia colares com vidro derretido e mostrava o crescimento de plantas que tinham plantado; o clube de astronomia tinha a sua exposição sobre os planetas e uma sala com um planetário; o clube de arte mostrava-nos as suas mais recentes criações, muitas delas inspiradas, como não podia deixar de ser, no anime; uma exposição de fotos apontava para a mão do clube de fotografia algures por lá e, como não podia faltar, até ikebana tinha o seu lugar. No pátio da escola, decorado com pinturas gigantes e cartazes cuja temática parecia meio aleatória, os clubes de desporto dominavam: mini-jogos de basquetebol, basebol, futebol e atletismo faziam as delicias de todos os que lá estavam e que se juntavam à atmosfera despreocupada. Nesta escola em particular, em Oosaka, ao longe, por entre as vedações do pátio dos desportos, o castelo desta cidade erguia-se, majestosamente numa visão que funde o antigo e o novo que muito e que muito poucos sítios poderiam oferecer.
Como se toda a surpresa previsível não fosse o bastante, o director recebeu todos os estudantes estrangeiros que "honravam a escola" com a sua presença e depois de uma conversa informal e agradável sobre a escola, os diferentes países em questão, a situação de cada um, lá veio o presente. Desta vez algo não material: levando-nos aos gabinetes interditos do edifício, passando pelo, quiça assustador, parque de estacionamento e ao último andar, apresentou-nos uma sala de reuniões com uma vista belíssima (malditas reflexões fotográficas!) sobre o castelo já referido e, obviamente, parte dos arranha-céus da cidade de Oosaka. Vista essa que pudemos rever... da casa de banho das raparigas ^_^
Pouco antes disso, um professor (de inglês) a falar um inglês extraordinariamente macarrónico e, numa palavra, mau, lá nos convenceu a ir para a sala onde, acho eu, estava o clube de inglês e onde comemos um minúsculo almoço de arroz com atum cozinhado pelo pessoal do club. Para desespero dela e para nosso divertimento, uma japonesa com dezasseis aninho, dos quais seis tiveram ensinamentos de inglês, esteve à nossa mesa, empurrada pelo referido professor, para treinar o inglês, visto ser o seu sonho ir estudar para fora do Japão. Sobre isso, vamos só dizer que os japoneses são mesmo, mesmo, mesmo, muito maus com inglês. Suponho que o katakana não ajude O.o
Outra insólita personagem que conhecemos foi um professor de, pelo que entendi, ciências que estava a fazer uma pesquisa, trabalho, hobby sobre enguias e como é que diferentes países as cuidavam, e cozinhavam. Ninguém entendeu muito bem a coisa, nem mesmo os japoneses que nos acompanhavam, mas suponho que esta coisa de fazer muita pompa e circunstância para algo que, a todos e mais alguns, parece totalmente saído do nada e que, numa outra situação seria facilmente interpretado como uma piada.
Por fim, ao aproximar-se a hora da partida, depois de termos visto tudo o que, oficialmente, a festa tinha para oferecer, eu, libertei-me do meu grupo e do controlo já normal dos japoneses que nos acompanhavam, para ir explorar os andares que, mesmo não estando interditos, não faziam parte da festa. E ainda bem que o fiz pois assisti a uma cena que parecia tirada, ponto por ponto, dos animes que certas meninas que conheço vêem tão avidamente: uma despedida. O clube (?) de Cheerleading, com todas as meninas vestidas a rigor, tendo dado o seu último espectáculo num jogo a que não assisti, despedia-se dos elementos que, em tempos próximos, saíram da escola, do clube e da vida que partilharam nos últimos três anos. Se pensavam que as japonesas eram emocionalmente paradas, tirem isso das vossas cabeças. O discurso foi maioritariamente feito pelas senpais que abandonavam a escola, mas as lágrimas saiam de todas. E não estamos a falar em lágrimas silenciosas. Não! As meninas choravam a bom chorar, com os soluços a ecoar pela sala e a cortar o silêncio que entretanto de tinha gerado. Muitas escondiam a cara, ou talvez, a terrível realidade da despedida, entre as mãos pequenas; e uma, presumivelmente a mais velha, encostou o antebraço à parede e, encostando a cabeça e os olhos vermelhos a ele e ao braço que lhe suportava o corpo, afundou-se na dor pungente das memória abandonadas durante longos minutos.
Tão depressa como o início, o fim chegou num momento inesperado, com certeza muito mais sentido por outros que não nós. O céu estava azul com nuvens brancas a florir e o dia, esse, ainda tinha muito para dar.
Como se toda a surpresa previsível não fosse o bastante, o director recebeu todos os estudantes estrangeiros que "honravam a escola" com a sua presença e depois de uma conversa informal e agradável sobre a escola, os diferentes países em questão, a situação de cada um, lá veio o presente. Desta vez algo não material: levando-nos aos gabinetes interditos do edifício, passando pelo, quiça assustador, parque de estacionamento e ao último andar, apresentou-nos uma sala de reuniões com uma vista belíssima (malditas reflexões fotográficas!) sobre o castelo já referido e, obviamente, parte dos arranha-céus da cidade de Oosaka. Vista essa que pudemos rever... da casa de banho das raparigas ^_^
Pouco antes disso, um professor (de inglês) a falar um inglês extraordinariamente macarrónico e, numa palavra, mau, lá nos convenceu a ir para a sala onde, acho eu, estava o clube de inglês e onde comemos um minúsculo almoço de arroz com atum cozinhado pelo pessoal do club. Para desespero dela e para nosso divertimento, uma japonesa com dezasseis aninho, dos quais seis tiveram ensinamentos de inglês, esteve à nossa mesa, empurrada pelo referido professor, para treinar o inglês, visto ser o seu sonho ir estudar para fora do Japão. Sobre isso, vamos só dizer que os japoneses são mesmo, mesmo, mesmo, muito maus com inglês. Suponho que o katakana não ajude O.o
Outra insólita personagem que conhecemos foi um professor de, pelo que entendi, ciências que estava a fazer uma pesquisa, trabalho, hobby sobre enguias e como é que diferentes países as cuidavam, e cozinhavam. Ninguém entendeu muito bem a coisa, nem mesmo os japoneses que nos acompanhavam, mas suponho que esta coisa de fazer muita pompa e circunstância para algo que, a todos e mais alguns, parece totalmente saído do nada e que, numa outra situação seria facilmente interpretado como uma piada.
Por fim, ao aproximar-se a hora da partida, depois de termos visto tudo o que, oficialmente, a festa tinha para oferecer, eu, libertei-me do meu grupo e do controlo já normal dos japoneses que nos acompanhavam, para ir explorar os andares que, mesmo não estando interditos, não faziam parte da festa. E ainda bem que o fiz pois assisti a uma cena que parecia tirada, ponto por ponto, dos animes que certas meninas que conheço vêem tão avidamente: uma despedida. O clube (?) de Cheerleading, com todas as meninas vestidas a rigor, tendo dado o seu último espectáculo num jogo a que não assisti, despedia-se dos elementos que, em tempos próximos, saíram da escola, do clube e da vida que partilharam nos últimos três anos. Se pensavam que as japonesas eram emocionalmente paradas, tirem isso das vossas cabeças. O discurso foi maioritariamente feito pelas senpais que abandonavam a escola, mas as lágrimas saiam de todas. E não estamos a falar em lágrimas silenciosas. Não! As meninas choravam a bom chorar, com os soluços a ecoar pela sala e a cortar o silêncio que entretanto de tinha gerado. Muitas escondiam a cara, ou talvez, a terrível realidade da despedida, entre as mãos pequenas; e uma, presumivelmente a mais velha, encostou o antebraço à parede e, encostando a cabeça e os olhos vermelhos a ele e ao braço que lhe suportava o corpo, afundou-se na dor pungente das memória abandonadas durante longos minutos.
Tão depressa como o início, o fim chegou num momento inesperado, com certeza muito mais sentido por outros que não nós. O céu estava azul com nuvens brancas a florir e o dia, esse, ainda tinha muito para dar.
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