Friday 2 October 2009

Anime: lição II - manga history


E, na segunda aula de anime, falou-se de manga. Isto porque, como toda a gente, sabe a sinergia entre os dois e a dependência do anime à manga é bastante grande. Tendo como base este texto falamos das primeiras coisas que podem ser consideradas mangas e que apareceram em templos antigos há mais de novecentos anos, em particular o choju giga (animal scrolls) pelo Monge Toba que, com sorte, irei ver durante a minha estadia por aqui, e os jigoku zoshi (hell scrolls) usados por monges na aurora dos grandes movimentos religiosos no Japão para mostrar às populações não instruídas das aldeias o que lhes aconteceria se não se "portassem bem". É engraçado que o primeiro trabalho que pode ser considerado um slasher tenha uma índole e uma presença religiosa tão forte :) Passamos, depois, pelo século doze, na era Kamakura, em que se usava, pela primeira vez, texto e imagens para estabelecer uma narrativa coesa.

A história seguiu para as pinturas usadas para abrir a mente dos estudantes zen (sabiam que, em zen, a resposta para “Qual é o som de uma mão a bater?” é descalçar uma meia, coloca-la na cabeça e sair da sala?) e para shunga, no período Edo, que era o que neste período - de mil e seiscentos a mil oitocentos e sessenta e oito - se usava como pornografia no Japão (agora, ironicamente proibida neste país, por causa de influencias estrangeiras, sendo que apenas se pode ter acesso a estas obras, precisamente, no estrangeiro :s)
Por estes lados temporais surgiam também as primeiras novelas – visuais e não só - imprimidas em cartões de madeira e direccionadas para a população recentemente educada pelas revoluções educacionais desta era. O processo de impressão era engenhoso, em particular com o uso de cor: cada cor era desenhada na madeira como se o desenho estivesse a ser visto por um espelho e depois decalcado em papel; e claro que cada cor tinha de ter o seu pedaço de madeira, sendo o sincronismo espacial entre os pedaços da maior importância e dificuldade de modo a representar uma imagem mais ou menos complexa. Também por este processo de produção em massa se faziam os ukiyo-e, ou “imagens do mundo flutuante”, de onde sai imagem a super-conhecida imagem que acompanha este post, usadas para divertir, maravilhar, enfeitar e também para dar uma certa atmosfera aos red-light districts - sitios de diversão e não exactamente (só) de prostituição - da altura. E aqui abro uns parênteses com uma curiosidade, não sei se o nome depois foi transferido para a Europa, mas o nome de red-light, pelo menos por aqui, tem duas origens. Primeiro como é visto e revisto e referenciado numa multitude de locais que os mostram, as luzes destes sítios estavam cobertas com coberturas de papel circular vermelho; e, por outro lado, nos mapas das cidades estas zonas eram as únicas que estavam marcadas com tinta vermelha, numa espécie de mensagem não escrita para toda a gente que já a sabia XD

Entrando no período Meiji, nome facilmente reconhecivel pela sua recorência no mais do que famoso Samurai X, as influências do ocidente começaram-se a sentir em todo o lado, incluindo no meio que viria a ser manga como a conhecemos hoje. Foi por aqui que se começou a fazer os primeiros “quadradinhos” no Japão, influencia pelo que se fazia na altura nos Estados Unidos. Em particular os senhores Charles Wirgman e George Bigot lançaram revistas/suplementos de comics japoneses, que mais tarde se viriam a tornar as referências históricas da manga. Maioritariamente com humorísticas, estas revistas pegavam no dia-a-dia japonês depois da abertura do Japão ao mundo, por exemplo o tirar os sapatos aquando de entrar num comboio, samurais de casaco e chapéu ou os olhos maravilhados com a primeira bicicleta, e foi por esta zona que se começou a usar balões para representar quem diz o quê.
Os kamishibai, contadores itinerantes de histórias para crianças usando papeis pintados com imagens que iam sendo mostrados num mini-palco de teatro montado na traseira da sua bicicleta, atingiram o seu pico nesta época, tendo sido praticamente dizimados com a chegada da guerra e, mais tarde e mais gravemente, em mil novecentos e cinquenta e três, da televisão.
Durante a segunda grande guerra, manga reduziu-se a ela mesma a um veículo de propaganda, tal como se passava com outros meios de expressão em todos os sítios do globo. Visões caricaturadas de Roosevelt a parecer Mr Hyde e de Churchill como um elefante gordo eram, aparentemente, o prato do dia.

Por fim, a manga foi revolucionada, evoluida e cinematograficada pelo génio Osamu Tezuka, considerado por todos o pai da manga moderna, que introduzio praticamente todos os traços - efeitos sonoros, efeitos visuais, diferentes prespectivas visuais sobre o mesmo acontecimento, tridimencionalidade de desenho e profundidade das personagens e da acção - que hoje conhecemos por serem de manga. E, pouco depois disso, a par da evolução técnológica que marcou o Japão pós-guerra, foi feito um anime, meio de transmição, hoje em dia, muito mais popular que manga, acredito eu, por preguiça das mentes humanas, serializado na TV, da sua maior obra: o Astro Boy, do qual vimos o primeiro episódio. Mas isso, isso será uma outra história!

Awesome class is awesome!

2 comments:

  1. Omg, estou maravilhada *.*

    Btw, finalmente acabei de me actualizar no teu blog x)

    Enfim, keep having fun --'
    **

    ReplyDelete
  2. Altamente miúdo!!!
    Astroboy nunca vi...mas ja ouvi falar muito, mas mesmo muito disso!!! Da velha guarda adorei o Akira!
    Beijo grande cuida-te*

    ReplyDelete