Wednesday 17 February 2010

Lixo

Este é um post que queria fazer desde que aqui cheguei. É agora que tento explicar e explicitar uma das maiores diferenças entre o Japão e qualquer outro sítio. E o ponto da questão é o lixo. Na verdade, não. O ponto da questão é a reciclagem do mesmo. A reciclagem no Japão leva-se a extremos nunca imaginados na Europa e que dificilmente funcionariam em países menos organizados.
Em primeiro lugar não há caixotes de lixo. Aqueles caixotes de lixo grandes ao fundo da rua são raríssimos e quase ninguém tem a prática de os usar ao final do dia. Aqui, todo o lixo é guardado em casa, depois de obrigatoriamente separado e, obviamente, lavado. Sim. No Japão o lixo lava-se antes de ser posto no lixo. Porquê? Porque ele é colocado em casa e por lá fica... por bem mais horas do que é normal por ai. Pode-se imaginar a disciplina que isto requer: não lavar o lixo quer dizer que, em breve, a casa ai ficar com o cheiro nauseabundo daquele peixe de há dois dias atrás ou aquele ramen que soube tão bem à uma semana.

Então e a separação? Ainda mais complicado! É diferente para todas as as cidades do Japão e até para diferentes bairros, aparentemente por uma questão de optimização uso dos camiões do lixo, mas aqui em Tenri é um pequeno pesadelo que nos explicam, totalmente em Japonês, totalmente imperceptível, no dia em que se chega aqui. Essencialmente há oito tipos e, sim, há um livrinho que nos dão e que diz, praticamente para tudo o que se possa imaginar, em que tipo encaixa a coisa. Alem disso virtualmente todas as coisas tem o tipo de lixo a que pertencem todos os seus componentes nas respectivas embalagens. Os tipos são:
  • Lixo que se queima. Aqui entra todos os restos de comida, papel higiénico, preservativos, etc;
  • Plásticos. Praticamente todas as embalagens e protecções inerentes vão para aqui;
  • Garrafas, embalagens de cartão, roupa. Tudo quanto é garrafas de sumos e embalagens de leite, que aqui não têm o alumínio por dentro, e, ainda não percebi porquê, roupa;
  • Vidros e Alumínios. Os vidros têm de estar inteiros, portanto é essencialmente garrafas. No alumínio encaixa todas aquelas latas de leite condensado, molho de tomate ou pêssego que são difíceis de abrir;
  • Vidros, sprays e coisas pequenas. Garrafas partidas que não queremos ver espetadas nos pés vão para aqui; sprays daquelas coisas para pôr no cabelo, depois de devidamente de-pressurizados com um objecto especializado que nos é dado; e coisas mais ou menos raras que também têm o seu tempo como rádios, panelas e guarda chuvas;
  • Esferovite. Essencialmente, muitas das embalagens de ramen e o pratito onde estão as pizzas compradas no supermercado.
  • Coisas grandes e possivelmente perigosas. Aqui entram as pilhas, os frigoríficos e mobília.
Ora, cada um destes tipos de lixo tem um dia para ser colocado lá fora e ser recolhido. O lixo queimável, o mais mal cheiroso, é recolhido todas as segundas e quintas, a não ser que seja feriado. Isso, mesmo assim, é muito pouco e o lava-lo assume um papel muito importante no bem estar, e cheiro, da casa. Até à quem volte a cozer as espinhas não cozinhadas do peixe para o cheiro não fazer tanto efeito: peixe cozido cheira melhor do que peixe cru, particularmente se falarmos de alguns dias. As coisas grandes e perigosas, o último tipo, podem ser deitadas fora quatro vezes por ano, num só dia dos meses de Março, Maio, Agosto e Dezembro. O resto do lixo é mais complicado, mas a ideia geral é que, cada um deles vêm num dia especifico da semana, pela ordem de cima, começando na segunda e acabando no sábado. E pensar que em Portugal as pessoas simplesmente vão pôr o lixo na reciclagem ~ nem sei qual sistema é melhor.


PS: a primeira imagem tem todos, ou quase, os tipos de lixo ~
~ taihen deshou!

1 comment:

  1. Garrafas, embalagens de cartão e a roupa são diferentes tipos de lixo que são por acaso recolhidos no mesmo dia. O camião que passa talvez até seja diferente.

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