Wednesday 3 February 2010

Feijões e um templo


Sim, foi para os lados de Osaka, mas ainda a uns trinta minutos de lá: o tempo de Ishikiri jinja (石切神社). Hoje, lá realizava-se umas das mais estranhas cerimónias que já presenciei por aqui. Antes dela, a multidão juntava-se no local enquanto uma miríade de crianças brincava no local. Chegado a uma dada hora (uma e meia?) algumas pessoas vestidas de gala dirijam-se, em procissão, para o topo do portão principal do tempo e, depois de subir, começaram a atirar pequenos sacos com feijões, amendoins, mochi (uma comida de ano novo). Até ai nada de especial. O que me surpreendeu foi o caos, confusão, selvajaria e um efeito muito parecido com moshpit que os montes de pessoas que esperavam conseguir pôr as mãos nos ditos saquinhos conseguiram. Aparentemente, no jantar desse dia há uma espécie de cerimónia familiar em que, depois de uma ou várias pessoas porem máscaras de oni (demónio) atira-se os feijões, aos ditos demónio. Depois apanha-se os feijões do chão e come-se um número igual à nossa idade. Isto faz com que a sorte venha para o nosso corpo à medida que o mau espírito, os azares e os maus agoiros saem. O que é engraçado é, como já referi, a selvajaria, os empurrões, os saltos e a quase raiva invejosa que os pequenos inspiravam às gentes.
É claro que não é só o ritual e os amendoins. Alguns sacos têm mochi e, alguns desses têm papeis que, se ficarmos numa fila durante vinte minutos podemos trocar por uma chance de ter uma bola que, dependendo da cor se pode trocar por um presente. A questão aqui é a maioria das bolas, tiradas ao calhas de um caixa-sorteio, dão presentes tão normais como cenouras ou batatas: provavelmente ofertas ao templo dos crentes ~ coisa estranha não é?

O vídeo da parada e do caos que os pequenos saquinhos causaram :)






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O festival é giro e tudo o mais, mas não se pode deixar de visitar um templo quando a um se vai. Este tinha personalidade. Desde a árvore gigantesca perto do altar principal, onde, mediante as crenças Shintoistas habitam os deuses (lembram-se da árvore onde habita o Totoro?), até à grande quantidade de altares com os mais diferentes motivos; desde as pontes num estilo irrevogavelmente japonês entre os edifícios de madeira polida com tambores enormes, até ao mini jardim de areia; tudo gritava tranquilidade e beleza, mesmo com a quantidade enorme de pessoas que lá estavam. Ficam as fotos :)






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Como podem ver pela foto de cima desta última secção, há uma fila de pessoas e as duas senhoras mais perto da câmara estão a contornar uma pedra. Na verdade, embora não se veja há outra pedra mais lá ao fundo e a fila é formada quando as pessoas vão de uma a outra cem vezes enquanto rezão. Depois, é só ir ao altar, pôr umas moeditas, bater aos mãos duas vezes e a coisa está feita ~ suponho que seja menos arrasto que os rituais que se fazem por Portugal ^^

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