Sunday 6 September 2009

Para Tenri


Depois de uma conversa em igirisu com o segurança/guarda/polícia do controlo fronteiriço, em que tive de explicar que vinha cá estudar um anito a língua que não sei falar; depois de apanhar as malas e trilhar-me num dedo; depois de me aperceber que há uma senhora na massiva sala das bagagens do aeroporto de Kansai que está de cinco em cinco segundos a repetir ao megafone a mesma coisa que, provavelmente, terá a ver com a declaração de bens; depois de me aperceber que a cultura kawaii (ver imagem) está em todo o lado mesmo, até os que mais formais e sérios; e depois de olhar em redor e ver que, na verdade, há mesmo muito japonês no Japão, faço a minha declaração de bens (ridiculamente a dizer que não tenho drogas, nem venenos, nem armas, nem explosivos, nem produtos roubados, nem essas coisas que é obvio que eu iria declarar se as tivesse) e saio para a sala de espera.

Ai, uma menina que à muito não via saúda-me com uma cara que tresanda ohisashiburi desu ne. Pouco depois, vêm as duas indonésias – que sabem japonês como tudo – que chegaram no mesmo dia e, tal como eu, cá passaram um ano a estudar japonês. São simpáticas e ficamos a saber que os indonésios querem saber japonês para trabalhar em firmas internacionais, onde se ganha muito mais do que na indonésia /per si/ e que, por lá, não é anormal uma pessoa saber quatro ou cinco línguas – a língua principal da indonésia, o dialecto da vila, aldeia ou cidade onde se nasce, inglês, japonês e/ou chinês e/ou coreano. ~ autch ~

A viagem para Tenri, cidade onde se encontra a universidade que me acolhe, demora uma horita e desde já nos apercebemos que a) no Japão faz um calor tropical; b) as matrículas dos carros japoneses têm um hiraraga (link) e dois conjuntos de dois números; c) há montes de portagens por aqui, nós passamos por umas quatro; d) a paisagem é tudo aquilo que se imagina do Japão: mar, riachos, verde, tudo muito pequenino e arrumadinho ou completamente massivo. O Morita-san, que nos veio buscar ao aeroporto, sendo o condutor de serviço hoje, fala em japonês durante a viagem toda mas, infelizmente, fora uma ou duas palavras, frases ou expressões percebo muito pouco. Por vezes dá a sensação que está a falar para ele mesmo com trejeitos do que poderá ser, com um bocadinho de maldade à mistura, uma psicose precoce ~ bem, pode ser só alguma coisa japonesa :)

1 comment:

  1. Parece que chegaste a uma outra dimensão:)
    Gostei das descrições...uma visão muito ocidental...
    E a cena do motorista lol parece extraída de um livro do Murakami-sensei:D os motoristas devem ser ícones nipónicos...
    Fico à espera de mais;)

    S.

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