Tuesday 29 September 2009

Aula chocante

O meu horário é bastante pobre, tendo aulas todas as manhãs e apenas duas aulas à tarde durante a toda a semana e, estando eu apenas aqui um anito, resolvi ir ver como eram as aulas da tarde. A este ponto, uma explicação é necessária. As aulas da manha fazem parte de um curso especial, intensivo e, particularmente para a mente japonesa, bastante hardcore, dado a todos os alunos que estão na Universidade de Tenri durante o espaço curto de um ano. As aulas da tarde são aulas, pelo contrario, são mais especificas – leitura, escrita, kanji, gramática, etc. – sendo dadas aos alunos do curso de quatro anos e que nós, estudantes estrangeiros, podemos, se tivermos conhecimento, paciência e coragem, assistir. O problema aqui é que o sistema escolar japonês começa os anos no semestre de primavera que começa em Abril, ou seja, o segundo semestre deles é o nosso primeiro. E isto quer dizer que, infelizmente, as aulas da tarde mais básicas a que posso assistir são do segundo semestre de um curso de quatro anos. E, neste momento, as mentes assertivas dos meus leitores já começam a ver o problema: são aulas que assumem que temos um semestre intensivo de japonês na universidade de Tenri, coisa que eu, obviamente não tenho, embora - mea culpa - um semestre intensivo aqui é mais ou menos, mais mais do que menos na verdade, equivalente aos dois anos que estive a estudar japonês. De qualquer maneira, fui tentar a aula, ideia que me foi guiada até à mente consciente por uma alemã que conheci.

Claro que as coisas tem de ter alguns percalços e, mente ingénua a minha, essa alemã não ia para uma aula do segundo semestre do curso de quatro anos, mas sim, para uma aula do quarto semestre. Isto faz sentido para ela, uma aluna no quarto ano (?) de um curso de língua japonesa na Alemanha mas dificilmente fará sentido para mim. Não obstante, depois de descobrir tais factos, resolvi ficar por lá, lembrando-me da máxima do protagonista de um anime por muitos já esquecido: benkyou! benkyou! benkyou! benkyou! benkyou! benkyou! benkyou!
Da aula em si não entendi nada, sendo-me explicado depois, que era uma aula de conversação (?) e o tema desta era “o que torna o teu pais especial”, ou seja, pano (e papel, se me é permitida o anedótico comentário) para mangas. Mas a atmosfera desta chocou-me. A aula, sendo de japonês, só tinha alunos estrangeiros, muitos deles, como será meio óbvio após uma rápida analise geográfica, chineses, coreanos e tailandeses. E eu não quero estar a dar uma ideia errada de tais simpáticas, pelos exemplos que tenho tido, pessoas, mas aquela aula foi a coisa mais desrespeitosa que vi desde… bem, desde sempre. Mais do que ser um defeito da professora, uma senhora japonesa com os seus quarenta anos, muito magra e pequenina, e com uma paciência de santo, o pessoas asiático que lá estava comportar-se-ia melhor num café: falavam por cima da professora mesmo quando ela estava ao pé das mesas deles, ignoravam-na como se ela não estivesse lá em contraponto com as tentativas de chamadas de atenção dela, viravam-se para trás a toda a ocasião e falavam mais do que eu alguma vez os vi falar fora dessa aula. Um deles, caso raro e famoso por cá, até estava a dormir e, quando a professora o acordou batendo ao de leve na sua carteira, ele apenas levantou a cabeça, que se encontrava metida nos seus braços, olhou para ela e, numa atitude que todos os professores que conheço achariam provocatória, voltou a por a cabeça na posição em que estava antes. Completamente do outro mundo! Eu nem quero imaginar como é que serão as universidades chinesas e, em contraponto, deixo-vos a pensar como é que foi a atitude da alemã, habituada, no seu país, à ordem, respeito e rigidez que caracteriza, como ela mesmo o disse na dita aula, o motor da Europa. É que se eu estava chocado mas meio confortável e até divertido com a situação, ela estava chocada e prestes a levantar-se e a manda-los, verbalmente, para a outra parte chinesa (^^,)

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