Saturday 12 September 2009

Viagem de comboio

O comboio oscilava suavemente na sonolenta manhã. A viagem adivinhava-se longa mas o tempo encurta quando os olhos estão virados para fora. Da janela, o Japão apresentava-se-me a ele mesmo, fundindo-se com os meus pensamentos dele que, como uma névoa, formavam-se e dissociavam-se a cada nova paisagem ou pormenor.
As casas pequenas de madeira escura e telhados azuis-escuros de formatos triangulares e cheios de pormenores orientais intersectavam-se com os pequenos campos de arroz verdejantes, lembrando tempos pequenos com as respectivas plantações (ia-me escapando a palavra “horta” mas, em terrenos nipónicos, soa muitíssimo mal). De vez em quando, o azul diverso de regatos, rios, lagos e, ocasionalmente, do mar aparecia e voltava a esconder-se. Enquanto portadores de energia, grandes e pequenos, perto e longe, bizarros e planos, salpicam a paisagem com a sua presença eléctrica e os seus fios pretos que, por vezes, parecem cobrir o mundo.
Aqui nunca se está no campo e nunca se está na cidade. As extensões frescas de árvores e verde dão, rapidamente, lugar a prédios densos e estranhamente suaves e a única coisa que indica que o onírico pode ser (ir)real são as ocasionais chaminés fumegantes que morrem no horizonte perdido.

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