Friday 11 September 2009

Ginkou to yuubinkyoku

Aviso: Os acontecimentos narrados aqui são reais até ao ponto que a minha percepção o permite.
[continuação aqui]

Quando se vai para um sítio durante um ano com o objecto (um dos objectivos) de conhecer gente nova com outras perspectivas de vida e de outros países, umas das coisas que é necessário é um telemóvel (por razões de modernidade, suponho eu). Se esse país for o Japão esse telemóvel deve ser japonês. Além de ser muito mais barato para contactar com os japoneses e residentes daqui, há várias diferenças entre telemóveis japoneses e portugueses, sendo a mais patente o serviço de mail incorporado no telemóvel. Isto é, um telemóvel, alem de um número tem um email: uma evolução lógicas das sms com algumas vantagens engraçadas, sendo as maiores a possibilidade de mandar mensagens escritas com tamanho (quase) infinito; a existência de anexos e a incorporação dos telemóveis na rede, já muito conhecida, dos mails.
E aqui começa o problema: o que fazer quando se quer comprar um telemóvel no Japão? Será que os vendedores entendem inglês? Será que os vendedores entendem o que fazem? Será que há muitas restrições ou necessidades? Tudo a seu tempo mas, para este post, o foco vai ser na necessidade de termos uma “conta bancária”. (Tento nas aspas pois a sua significância é relativamente elevanda)
E como é que se tem uma conta bancária no Japão? Ora, qualquer pessoa sabe como começa o processo de ir a uma conta bancária: ir a um banco. No Japão isso é falso. O processo de ter uma conta bancária começa por escolher se a queremos nos correios ou num banco. E porquê? Porque os correios não têm tantas taxas e estão em todo o lado. Porque é que isso é relevante? Porque no Japão não há bancos que funcionem de forma global. Trocado por miúdos não há nenhum banco que tenha balcões e/ou ATMs em todo o Japão. Mais: são raros os bancos que têm ATMs em todas as cidades da sua área de funcionamento. É o mesmo que ter o Millenium a ter só balcões e ATMs no (por exemplo) Algarve e não ter, pelo menos, uma ATM em cada cidade. Como devem calcular isto, para alguém com o mínimo de bom senso é muito, mas mesmo muito, difícil de entender. E é ainda mais difícil de entender se considerarem que a) o senhor que nos atendeu não sabia inglês; b) ninguém que estava nos correios sabia inglês; c) os meus tradutores oficiais (どうもありがとうみんな!) percebem pouco de paleio de bancos e/ou correios; d) é muitíssimo complicado explicar a um japonês algo que não lhe esteja incutido pelo que habitualmente faz; e e) os japoneses são horríveis a pensar fora da caixinha da sua rotina e da sua papelada.
E vocês, com o espírito crítico que vos sei devem estar a perguntar: “Então qual é que é o problema de abrir uma conta nos correios? Se for só a estranheza não é uma razão muito válida!” Haaa … mentes inocentes intocadas pela estranheza do Japão, imersas no conforto de Portugal e da Europa e, aparentemente, sem atenção ao texto (-_-) Eu repito: nos correios fazem-se contas bancárias mas isso, pelo menos para a mente nipónica, não tem nada, mas mesmo nada, haver com o facto deles não serem bancos. Isto é, muitos dos serviços que um banco faz – crédito e transferências interbancárias, por exemplo – não existem nos correios e ter lá uma conta não quer dizer que eles passem a existir. No fundo, e isto foi-me dito (ou, pelo menos, traduzido) com todas as letras, se quisermos enviar dinheiro de uma conta portuguesa para esta “conta bancária” (lol aspas) dos correios temos de ou levantar cá o dinheiro da conta portuguesa e, de seguida, deposita-lo na conta dos correios, ou de mandar o dinheiro pelo correio e depois depositá-lo na dita conta.

E tudo isto foi o resultado de 3 horas de stress e irritação, muitas perguntas em português, muitas perguntas em japonês acompanhadas de muitas traduções, com uma quantidade enorme de muitas explicações em japonês seguidas de uma quantidade ainda maior de explicações em português. No fim, porque ainda precisava de uma “conta bancária” para ter o telemóvel e porque as contas nos correios a) não tem um preço por as abrir; b) podem ser abertas com 0円 lá dentro e; c) são automaticamente fechadas em caso de inutilização, lá fiz a “conta bancária” dos correios.


[*] Ginkou to yuubinkyoku = Bancos e correios

2 comments:

  1. e pensar que eles,pioneiros da tecnologia e supostamente inteligentes não conseguem sequer vislumbrar as praticas mais basicas do ocidente. mãe

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  2. vá lá ... isto de não estar na Europa é chato ... mas, sim, é um exagero O.o

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