Thursday 17 September 2009

Choque cultural (三)

Para nós, os japoneses são estranhos. Isso já se sabia, mas esta é das diferenças que, suponho eu, mais mostra e derrama luz sobre a psicologia da mente japonesa. Como eu não entendo essa mente e vejo somente os sintomas vou tentar descrever os factos e, talvez, mais tarde, quando souber mais, esclareça, também a mim mesmo, o que se passa nos cérebros japoneses.
Os japoneses, fora de um grupo social em que se sentem à vontade, falam pouco e isso é muito patente em situações como, por exemplo, a de estar à espera que alguém desimpeça a passagem que, por uma causalidade qualquer, ocupou. Ou seja, se a nossa bicicleta está, glutona, a bloquear a passagem por estarmos distraídos à espera que o sinal mude, um japonês, tipicamente, não pede para passar ou nos chama a atenção: simplesmente fica parado, respeitosamente esperando que nós, infractores, reparemos no mal que estamos a fazer e, como elementos da sociedade, o corrijamos, chegando a bicicleta para frente de modo a permitir a passagem. Tudo isto sem haver nenhuma comunicação sem ser a presencial, pois essa não se pode, normalmente, por muito que queiramos, ser desligada.
Esta telepatia, em que cada um faz o que sabe que deve fazer de modo a não perturbar ou causar conflito com outros está profundamente enraizada na mente japonesa e mesmo na asiática. Sem ser preciso ninguém dizer nada, ou melhor, tendo em atenção que ninguém vai dizer nada, há um cuidado, que quase se poderia chamar esforço, para não perturbar ninguém, mesmo que tal tenha uma justificação plausível, pelo menos nas sociedades ocidentais. Resta saber o porque de tal inibição comunicacional e onde é que esta peça encaixa no puzzle que é esta cultura.

1 comment:

  1. Aw... a doce e sempre conveniente cidadania e tolerância.
    Estou certa de que não tens saudades das buzinadelas que se vão ouvindo pela estrada ocidental -.-'
    Viva ao colectivismo!


    Jezebell

    *

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